Imagem do Mês: Cau Martini apresenta leveza no olhar e fotografia acalorada

Foi por uma videochamada direto do Maracanã, horas antes do segundo jogo da final da Copa do Brasil, entre Flamengo e Corinthians, e com direito a gritos da torcida ao fundo, que Cau Martini, autora da imagem do mês de setembro da Arfoc-SP, contou não apenas a história por trás da foto eleita, mas dividiu os significados por trás dela, numa conversa em exaltação ao futebol e à fotografia.

Quem olha para a fotografia se diverte com a posição curiosa do jogador do Flamengo, Gabriel Barbosa, o Gabigol, no Estádio Nilton Santos, mais conhecido como Engenhão, durante confronto contra o Botafogo pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. Atrás do jogador, o fogo dos característicos lança-chamas do estádio, acionados para comemorar vitórias e receber o time da casa de maneira calorosa, aparece dando um toque inusitado.

“A princípio, eu fui com a ideia de fazer as chamas saindo da cabeça do Gabigol, que é um ícone. Um dos jogadores mais icônicos do Flamengo. Só que o Gabriel entrou na brincadeira e abaixou na minha frente porque devia estar com dor na coluna. Eu estava no lugar certo, na hora certa e foi o clique certo. ”, conta Cau Martini.

Para a autora da imagem, além de ser uma composição divertida – e nada pejorativa –, a foto carrega o significado do Clássico da Rivalidade, por meio dos ícones Gabigol, a chama do Botafogo e a grande competição em que eles iam se enfrentar. “Alguém vai vencer, alguém vai botar fogo no outro. E quem seria? Aquela chama icônica do Botafogo ou Gabigol?”, reflete a fotojornalista.

“O Botafogo é o time mais antigo do Rio de Janeiro, ele também tem uma importância ímpar nessa construção, também traz outras informações. Não foi qualquer time, você está falando do Botafogo, o time do Engenhão. O Engenhão foi um dos principais pontos de vacinação contra a covid-19 aqui no Rio. Eu fiz muitas coisas lá então é bom trazer a diversão de lá também”, explica ela.

Foto: Claudia Martini

A profissional começou a fotografar futebol há apenas cerca de 3 meses. Vinda da foto documental, ela conta que foi nas quatro linhas que conseguiu alívio. “A gente passou por dois anos muito tristes, onde eu tinha muitas imagens pesadas. E quando você se vê, já estava deprimida. Eu estava triste e não aguentava mais chorar.”, revela.

Com o objetivo de se desconectar do drama da pandemia e pautas do Hard News, Cau resolveu buscar um portfólio de futebol, levando toda experiência, estudo, um olhar fresco e a vontade de aprender as lições do futebol e valores de companheirismo, união e torcida.

“Todos e todas, sem exceção de cor, raça, credo e orientação sexual, torcem para uma pessoa que eles não conhecem. E todos se unem para que essa pessoa que eles não conhecem façam gol, faça o melhor lance. Você vê todo mundo vibrando junto. É uma união tão bonita de se ver”, diz. “Eu nunca fui uma apaixonada por futebol, mas eu consegui nesses três meses entender porque é a paixão nacional.”

A leveza e alegria que a fotojornalista encontrou no campo e arquibancadas fica visível na imagem do mês de setembro. “O fato dela divertir tanto foi o que me encantou. É muito bom alguém ligar para você e falar assim: ‘Estou morrendo de rir com a imagem que você fez’. É muito gostoso, fazia muito tempo que eu não vivenciava isso, então saber que eu arranquei uma risadinha de algumas pessoas é uma delícia em uma época de tanta tristeza. É uma foto que eu adoro ver e rever.”

O clássico terminou com o Flamengo levando a melhor com gol de Arturo Vidal e provocações do Gabigol. Mas além dos jogadores do time rubro-negro, podemos dizer que quem teve sorte no jogo, aliada de muita técnica, foi a fotojornalista Cau Martini, que saiu de casa, como de costume, certa da imagem que iria buscar, da mensagem que pretendia transmitir e preparada para lances rápidos em busca dela. Só não imaginava que o resultado seria ainda melhor do que estava preparando. “Aprendi a ter essa rapidez, e aí teve um tanto de sorte que eu agradeço aos deuses do campo.”, diz.

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