Imagem do Mês: Amanda Perobelli cobre Copa do Mundo pela primeira vez e volta do Catar com a foto de novembro

No dia 24 de novembro, o Brasil estreou na Copa do Mundo com dois gols de Richarlison em uma vitória contra a Sérvia. Semanas mais tarde, nas oitavas de finais, o sonho do hexa foi mais uma vez adiado. Mas o lindo gol de voleio, o segundo daquele primeiro jogo, ficou marcado na foto eleita como imagem do mês da ARFOC-SP.

O registro é da Amanda Perobelli. A Copa de 2022 foi a primeira experiência da fotógrafa na competição. A profissional, trabalhando para a Agência Reuters, ficou durante 15 dias no Catar fotografando jogos da fase de grupos de diversas seleções. Entre elas, a do Brasil.

“A Reuters tem uma equipe muito grande de cobertura, nós tínhamos fotógrafos nos quatro cantos e aconteceu a sorte desse lance acontecer do meu lado”, conta Amanda.

A autora da imagem conta que o registro foi um misto de sorte com a concentração necessária na cobertura dos jogos de futebol. “Normalmente a gente fotografa o lance do gol muitas vezes de [lente] 70-200mm, eu estava de 400 nesse lance porque não tinha dado tempo de trocar de lente. Então foi um feliz acaso também. Quando eu olhei na câmera eu vi a foto com a bola bem no pé dele”, relembra ela.

“E a gente manda remoto, diretamente da câmera através de um cabo de rede conectado na câmera”, explica a fotojornalista. “Mandei a foto na hora, foi a primeira foto do lance que chegou lá. Fiquei feliz pra caramba, meu coração quase parou quando vi a foto.”

Apesar da animação, a tensão e atenção do momento não permitem que a fotojornalista se junte aos milhões de torcedores que vibraram com o gol no estádio e em todo o mundo. “É inevitável que rola uma emoção, mas no futebol se você piscar você perde o lance. Então não é nem que seja difícil, é questão de concentração, prática e muito trabalho”, explica ela. “Só comemora depois que termina o jogo, depois que acabou, que guarda o equipamento. Aí dá pra dar uma comemoradinha”.

Amanda Perobelli já fotografava partidas de Campeonato Brasileiro e Libertadores, mas conta que trabalhar pela primeira vez em uma Copa do Mundo a deixou ansiosa.

“Foi minha primeira Copa mas eu já imaginava e sentia que seria uma copa muito diferente das outras, por tudo, por ser no país que foi, pela questão cultural, pela época do ano, mas principalmente por todas as polêmicas, série de denúncias, um monte de problemas, então com certeza eu não tinha com o que comparar, mas sabia que essa Copa ia ser uma copa diferente de qualquer outra”, diz a autora da imagem de novembro da ARFOC-SP.

“Era muita coisa rolando, era a diferença do horário com o Brasil, que lá são seis horas na frente, era a ansiedade e o nervosismo por ser minha primeira Copa e uma diferença cultural”.

A fotojornalista relata ainda que apesar da diferença cultural, a percepção era de que o país estava preparado para receber turistas. A passagem da profissional foi tranquila, mas apesar de não vivenciar, teve conhecimento de casos de assédio, além dos protestos contra a violação de direitos que ficaram conhecidos e noticiados.

“Tive uma passagem tranquila por lá apesar de todos os problemas, toda a questão dos protestos em relação aos direitos LGBTQIA+, meninas que foram assediadas, eu tive a sorte de não ter acontecido comigo. E a sorte de ter conseguido fazer essa foto. E eu fiquei muito feliz de ter feito”, diz a profissional.

A foto é a segunda obra de Amanda Perobelli eleita na honraria mensal da ARFOC-SP. Em dezembro de 2021, ela já havia sido escolhida com o retrato de Dona Vitória, vítima da tragédia climática no Sul da Bahia.

O retrato da Dona Vitória em frente aos escombros da casa atingida pela enchente foi uma das imagens capazes de mostrar que além de estatísticas sobre vítimas noticiadas, quem vive os efeitos das intensas chuvas e da desigualdade têm rostos, nomes e histórias.

Um ano depois, a imagem deste mês mostra a alegria de uma nação vindo nos pés de Richarlison e conta o primeiro capítulo, ainda feliz, da história do país do futebol na Copa do Mundo de 2022. Sentimentos que contrastam com a fotografia registrada um ano atrás.

“Ano passado foi a dona Vitória, que teve uma história muito difícil, uma pena ter sido num momento tão difícil mas conhecer ela foi também uma baita experiência, poder estar lá para contar essas histórias que são tristes mas são importantes de serem contadas. É meio clichê dizer, mas é um privilégio poder estar nesses lugares, conhecer tanta gente, conhecer tantos lugares diferentes, lugares que talvez eu não conheceria”, dia Amanda Perobelli.

Foto: Amanda Perobelli | Entrevista e Texto: Bruna Nascimento | Arte: Levi Bianco

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