Imagem do Mês: Impacto das chuvas no Sul da Bahia retratado por Amanda Perobelli é imagem de dezembro

Em dezembro de 2021, o retrato da Dona Vitória em frente aos escombros da casa atingida pela enchente foi uma das imagens capazes de mostrar que além de estatísticas sobre vítimas noticiadas, quem vive os efeitos das intensas chuvas e da desigualdade têm rostos, nomes e histórias. A foto clicada pela fotógrafa Amanda Perobelli foi eleita foto do mês da ARFOC-SP.

“Todas essas coberturas, seja da pandemia, seja da dona Vitória, mostram a importância que o fotojornalismo tem na atualidade.”, diz a autora da foto. “O fotojornalismo está bastante vivo e muito longe de morrer.”

Amanda Maciel Perobelli, 36, é freelancer e foi pautada pela Reuters para cobrir os efeitos das enchentes no sul da Bahia.

Entre as mais de cento e cinquenta cidades em estado de emergência, Itambé foi uma das mais gravemente afetadas. É lá que Vitória Jesus Rocha, 81, a Dona Vitória, morava há mais de 40 anos na casa comprada pelos pais.

Solteira e sem filhos, dona Vitória morava sozinha e relatou à Amanda que conseguiu sair da casa que desabou apenas com a roupa do corpo. Entre as coisas perdidas, estavam móveis que ela tinha acabado de comprar e não tinha terminado de pagar. Após a tragédia, passou a morar temporariamente com um sobrinho.

Foto: Amanda Perobelli

“Ela perdeu tudo, então os parentes dela estavam tentando fazer uma limpeza na casa e procurando as coisas que poderiam ser salvas”, relata a fotojornalista.

Apesar de abalada, a moradora foi receptiva e autorizou a fotojornalista a acompanhar a entrada no que restou do lar. Enquanto acompanhava e fotografava, Amanda flagrou o momento em que ela achou o retrato do pai e da madrasta, que aparecem na foto do mês.

“É muito grave a gente pensar que mais de oitocentas mil pessoas foram afetadas pela chuva e cento e sessenta e cinco cidades em situação de emergência.”, conta a autora da imagem. Para ela, o fotojornalismo é um grande trabalho essencial e feito em conjunto que joga luz para realidades que precisam ser contadas. “

“Mais de oitocentos mil pessoas é muita coisa, deveria ser o suficiente para mostrar o tamanho da tragédia. Mas as pessoas não são só números. São vidas, são pessoas, cada uma com a sua história. E essas histórias precisam ser contadas.”, diz.

Texto: Bruna Nascimento

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