Juiz culpa fotógrafo e nega indenização por tiro no olho

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foto ©Sérgio Silva | texto Juliana Cini

O repórter fotográfico Sérgio Silva, considerado culpado por ser atingido por uma bala de borracha durante manifestação do Passe Livre, em 2013, lança campanha de mobilização sobre seu caso. Após o ocorrido, o fotojornalista perdeu a visão do olho esquerdo e teve seu pedido de indenização negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Após a decisão do juiz, Sérgio lançou um abaixo-assinado, que ainda está aberto, a fim de levar seu caso ao público. “A campanha é para que o judiciário possa rever a decisão absurda do juiz Olavo Zampol Júnior e que o caso possa ser julgado perante um júri popular. A repercussão está positiva, nas redes sociais, com mais de 63 mil assinaturas”, explica.
Sérgio entrou com uma ação judicial, que pedia uma indenização de R$ 1,2 milhão, além de um reembolso por despesas médicas e uma pensão mensal. O juiz negou o pedido e culpou a sua ação como arriscada, ao permanecer no espaço de confronto entre cidadãos e policiais.
“No caso, ao se colocar o autor entre os manifestantes e a polícia, permanecendo em linha de tiro, para fotografar, colocou-se em situação de risco, assumindo, com isso, as possíveis consequências do que pudesse acontecer, exsurgindo desse comportamento causa excludente de responsabilidade, onde, por culpa exclusiva do autor, ao se colocar na linha de confronto entre a polícia e os manifestantes, voluntária e conscientemente assumiu o risco de ser alvejado por alguns dos grupos em confronto (polícia e manifestantes)”, manifestou o juiz na sentença.
Com o objetivo de aumentar ainda mais a repercussão de sua história, também foi criada a hashtag Culpado por Fotografar (#CulpadoPorFotografar), em que várias pessoas são registradas com a placa da campanha. “Foi promovida por amigos da fotografia. Ela está funcionando apenas dentro das redes sociais para publicitar o caso”, conta Silva.

“Foi triste e revoltante ouvir qual foi a decisão do juiz porém, era a notícia que esperávamos. O poder judiciário tem um histórico negativo sobre este tipo de decisão”, acrescenta.

Houve um caso parecido com o fotojornalista Alex Silveira, que, ao cobrir uma manifestação de professores na Avenida Paulista, em 2000, levou um tiro de bala de borracha e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo o considerou culpado da mesma forma.
O sentimento de Sérgio é de revolta e injustiça. “Jamais irei aceitar ser acusado por segurar uma máquina fotográfica e executar o meu trabalho na rua. Não atirei em ninguém. Não feri os direitos de ninguém. Muito pelo contrário, a vítima naquela noite de 13 de junho fui eu. A violência que sofri ultrapassou ao discurso que fere o direito à liberdade de imprensa”, finaliza.

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