Imagem do mês ARFOC-SP: Registro das queimadas no Pantanal de Isaac Fontana é a foto eleita do mês de novembro
Em novembro, o repórter fotográfico Isaac Fontana passou por diversas cidades encobertas pelo fogo e pela fumaça, como Porto Jofre (MT), Corumbá (MS) e Miranda (MS), com a missão de registrar incêndios no Pantanal. Um dessas imagens foi eleita como imagem do mês da ARFOC-SP
“A gente achou que seria uma cobertura normal, que a gente chegaria nas propriedades e conseguiria fazer a cobertura”, relembra Isaac, que não contava com um problema: a maior parte dos incêndios eram dentro de propriedades privadas.
“No geral foi uma cobertura difícil porque muitos lugares a gente não conseguiu acessar, em outros sim. Mas com muita dificuldade”, revela o autor da imagem do mês.
O profissional conta que os fatores que dificultavam a recepção da reportagem em áreas privadas eram a resistência à imprensa e o fato de que 90% dos incêndios são de natureza humana, segundo dados da polícia ambiental local.
Já a foto eleita, foi uma exceção à pauta. Por ter sido registrada em uma estrada na área turística de Passo do Lontra, Isaac Fontana não enfrentou dificuldades para subir o drone e fotografar a área devastada pela queimada, contrastante com um fragmento de área verde em uma área de rio.
“Ficou bem nítida que o fogo parou na estrada. Dalí pra cá não passou e o resto até onde você enxerga estava tudo queimado. Alguns pedaços mais encharcados deram esse contraste do verde e do queimado”, explica o fotógrafo.
O trabalho documenta a dura realidade ambiental por meio da imagem impactante. Mas para o autor a interpretação é uma questão muito mais profunda.
“A fotografia tem um poder muito grande, principalmente de reflexão, mas eu acho que ela gera reflexão para quem está disposto a refletir sobre aquilo. Se a pessoa não quer enxergar aquilo, ela olha a foto e não vê o que a fotografia quer dizer”, reflete ele.
“Eu não encaro a fotografia como esse negócio de ‘nossa, vou mudar o mundo’. Cara, o mundo tá aí desde muito antes de mim, desde muito antes de grandes fotógrafos. São imagens marcantes que documentam a nossa história, mas a mudança ou não está muito mais relacionada a nossa sociedade, educação, cultura do que a fotografia em si”, concluiu.
Texto: Bruna Nascimento