Imagem do Mês: Trabalho de Wander Roberto na sexta Copa do mundo coroa profissional

Por Bruna Nascimento 

O Brasil não se tornou hexa na Copa do Mundo de 2022, mas o fotojornalista Wander Roberto sim. O profissional completou a sexta copa do mundo da carreira e voltou com a foto eleita como imagem do mês de dezembro da ARFOC-SP.

“Não tenho dúvida que o maior ápice de uma cobertura de uma copa do mundo é ter a oportunidade de fotografar aquele que vai erguer a taça”, conta ele.

Em uma final disputada contra a França, a Argentina faturou o terceiro mundial. Lionel Messi, em sua última Copa, foi um dos protagonistas da competição. Essa história foi registrada por diversos profissionais do mundo, entre eles, o associado da ARFOC-SP. 

“Esse momento em que a Argentina levanta a Copa, ainda mais tendo o Lionel Messi que é um dos maiores jogadores de futebol que a gente já teve na história, realmente é gratificante para quem é um fotojornalista, para quem está contando a foto daquele mundial através da fotografia”, diz Wander.

A sensação que fica depois de registrar a imagem é a de dever cumprido. Wander diz que em todas as Copas do Mundo em que trabalha possui um projeto com começo, meio e fim. E o fim é após todas as fases da competição, chegar até a emblemática, histórica e esperada imagem do grande vencedor.

“Costumo dizer que são segundos e momentos que não se repetem, então tem que estar muito bem preparado, com o equipamento em dia, com o cartão zerado para ter bastante foto para fazer. Então é sempre uma expectativa muito grande, uma emoção poder retratar esse momento”, explica o autor da foto do mês. 

O fotojornalista revela, ainda, que um dos pilares para a construção do trabalho dele é evitar torcer. “Mesmo sendo brasileiro eu não estou em uma Copa do Mundo para torcer para o Brasil. A minha função ali é contar a história da Copa do Mundo através da fotografia”, diz.

Foi após o Brasil se despedir da competição que a imagem do mês foi construída e o trabalho de Wander foi cumprido. “Eu fui lá buscar o meu hexa, pena que o Brasil não trouxe o dele, mas eu busquei o meu”, brinca.

Além das experiências com seis Copa do Mundo, Wander Roberto já trabalhou em cinco Jogos Olímpicos e possui uma história de mais 30 anos de carreira no fotojornalismo esportivo. Para ele, o futebol é uma das modalidades mais difíceis de fotografar porque está entre as mais imprevisíveis.

“Já estou me considerando um veterano em coberturas de Copa do Mundo, mas as pessoas acham que pelo fato de ser a sexta, talvez não tenha emoção, não tenha nada de novo. Muito pelo contrário, toda cobertura de Copa do Mundo é sempre uma novidade, fotografar futebol é sempre um desafio”, relata ele.

Além de uma Copa do Mundo nunca ser igual a outra, desde ao país em que é realizada aos personagens envolvidos na competição, cada partida de futebol também é única, imprevisível e emocionante. E nesta Copa do Mundo, os aspectos que tornaram ela diferente das outras são ainda maiores.

O período em que foi realizada, leis e culturas adversas, idioma, o sistema de credenciamento e visto e os custos elevados são alguns dos desafios listados por Wander que fizeram. 

Outro ponto destacado foi a realização em sede única. Se nas Copas de 2014, no Brasil, e de 2018, na Rússia, a distância entre os estádios chegavam a levar horas de avião, esse não era uma dificuldade na Copa do Catar.

Para se ter uma ideia, nas Copas da Rússia e do Brasil, Wander calcula ter feito em média 10 a 12 jogos em cada, totalizando cerca de 22 partidas nas duas competições. Já na Copa do Catar, foram 29 jogos ao todo. “Foi uma copa intensa em termos de trabalho e diferente de todas as outras”, conclui o fotojornalista. 

Experiente em Copas do Mundo, o conselho que Wander deixa para quem deseja seguir o mesmo caminho é definir bem a área que deseja seguir dentro do fotojornalismo para que os objetivos e a paixão se sobressaiam às dificuldades. “As dificuldades vêm, não tem como não ter, mas se você é apaixonado por aquilo não são as dificuldades que vão fazer você desistir de realizar o seu sonho”, explica.

“Quando eu iniciei no fotojornalismo eu sonhei um dia em cobrir uma Copa do Mundo. E até chegar a uma demorou bastante, tive muita ajuda de outros profissionais, mas também tive muita dificuldade. E a gente sabe que as dificuldades são enormes, mas ser um apaixonado por futebol e sonhar de maneira muito intensa em um dia participar de uma Copa do Mundo fez com que eu não desistisse.”, completa.

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