Arquitetura da Expulsão: por trás da ‘revitalização’ da Cracolândia. Confira o trabalho do associado Caio Castor e Julia Dolce

Por Caio Castor e Julia Dolce para o Intercept Brasil

Policiais e uma retroescavadeira acordaram os moradores da alameda Barão de Piracicaba, nos Campos Elíseos, centro de São Paulo, na manhã do dia 6 de agosto. Foi a segunda vez que a camareira Simone Ferreira acabou expulsa de casa, no mesmo bairro, em dois anos.

A poucas quadras dali, a mesma operação policial, deflagrada pelo Ministério Público, visava prender lideranças do PCC na Favela do Moinho, a última do centro da cidade. A megaoperação Salus et Dignitas – em latim, “saúde e dignidade” – envolveu mais de 1 mil agentes. Tomou todos os jornais.

O Ministério Público apontou que, na favela, funcionava a “base de inteligência” do Primeiro Comando da Capital. A justificativa da remoção dos moradores da região era que os imóveis lacrados eram utilizados como apoio para os traficantes da região da Cracolândia.

Quadras inteiras foram lacradas com a justificativa de combate ao tráfico na Cracolândia, mas o destino das famílias, como a de Simone Ferreira, é incerto.

Aquelas mesmas quadras lacradas pela polícia, no entanto, já têm um destino. Elas estão na lista dos imóveis a serem demolidos no megaprojeto do governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, de mudança da sede do governo estadual para o centro.

“Nesse lugar, para eles, só tem bandido, pessoas que não prestam. É um preconceito racial. E agora vem o governador dizer que vai desapropriar esse lugar para colocar a classe média”, diz Ferreira. Ela recebeu um papel que lhe garante uma unidade habitacional na Barra Funda, bairro próximo ao centro. Mas o prédio ainda está em construção – e ela já recebeu a ordem de despejo da atual residência.

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https://www.intercept.com.br/2024/10/24/video-mudanca-da-sede-do-governo-tarcisio-expulsa-familias-pobres-da-regiao-da-cracolandia-em-sp/

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