Rebeca Andrade marca a volta da ‘Imagem do Mês’. Parceria entre o Observatório da Imprensa e a ARFOC-SP reativa projeto que coloca o fotojornalismo em foco.
A foto escolhida que marcou o mês de agosto vale ouro! Dentre os destaques dos atletas brasileiros nas Olimpíadas Paris 2024, a ginasta Rebeca Andrade se tornou bicampeã olímpica e a maior medalhista da história do Brasil nos jogos Olímpicos, com 6 medalhas (2 ouros, 3 pratas e 1 bronze). A fotojornalista Mathilde Missioneiro participou da cobertura pela Folha de São Paulo e testemunhou esse momento tão marcante para atleta quanto para o Brasil.
Mathilde foi a única profissional credenciada por um jornal brasileiro, já que a concorrência não credenciou fotógrafos da equipe, e atuou junto das agências internacionais e fotógrafos independentes, prática que vem se tornando comum em coberturas mais robustas. Apesar da pouca experiência em fotografia de esporte, ficou honrada por ter sido convocada para sua primeira olimpíada e ao mesmo tempo revela que foi um tanto assustador: “Me preparei mas estava sozinha com 4 repórteres. A gente se organizava conforme ia rolando a cobertura; eu me pautava pelas nossas apostas e investia nas competições que valiam medalhas, (semi) finais e atletas brasileiros. 95% do meu trabalho foi focado neles.”
Segundo Mathilde, o maior desafio além de escolher um bom lugar pra se posicionar durante as competições, era definir as prioridades do dia: “porque tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e não dá pra fazer tudo! Não consegui ir no Grand Palais por exemplo, lugar com uma arquitetura incrível, onde aconteceram as provas de esgrima e tae kwondo, foi uma das minhas decepções.”
Ela conta que para chegar nessa foto, teve que calcular e fazer escolhas: “Eu queria fotografar as atletas no aparelho, a reação na hora da pontuação e a cerimônia de medalhas. Na final geral eu pulei o último aparelho para estar bem posicionada pra pegar a reação dela na hora q saísse o resultado final e a cerimônia de medalhas. Nessa hora você tem que escolher um lugar pra ficar e assumir essa posição por que não pode se movimentar durante as competições, e ficava torcendo para as cenas acontecerem do meu lado. A ginástica é um esporte q atrai muitos fotógrafos e por elas (Rebeca Andrade e Simone Biles) serem as melhores, ficava a imprensa toda seguindo as duas para conseguir uma boa foto.”
Considerando as condições que uma cobertura desse tipo exige do profissional como dormir e comer pouco, resistência física pra suportar calor, peso e o stress do trabalho jornalístico, Mathilde se sente satisfeita com seu trabalho: “Sei q tenho muito pra melhorar. É muito desgastante e cansativo, mas é também uma oportunidade única, histórica! Na hora de fazer uma foto boa, sentir aquela energia, a emoção quando o atleta ganha uma medalha, a adrenalina e o tesão de fazer uma boa foto supera tudo. E eu gosto desse tipo de cobertura; se me mandassem pra fazer outra amanhã, iria sem pensar duas vezes! Estar do lado dos melhores atletas, estar fotografando ao lado dos melhores fotógrafos do mundo é um privilégio. Foi maior cobertura da minha vida até agora e me sinto muito grata de ter tido essa experiência!”