Clique de Beatriz Boblitz com o Brasil na mira é escolhida como imagem do mês de setembro
As grandes fotografias, muitas vezes estão nos pequenos detalhes. E faz parte do trabalho do fotojornalista, enxergar atenciosamente as muitas mensagens por aí, como fez a fotógrafa de Fortaleza-CE, Beatriz Boblitz, de 25 anos, ao registrar a bandeira do Brasil através do que parece ser uma marca deixada após um disparo de arma de fogo.
A fotografia foi postada no Instagram da fotógrafa e escolhida como foto do mês de setembro, pela diretoria da Arfoc-SP. Mas se a complexidade do significado da foto choca, é a simplicidade da execução que a deixa ainda mais incrível.
“Eu não sei se foi um tiro. Eu acho que realmente não foi. Eu trabalhava no jornal aqui em Fortaleza e o carro que a gente ia fazer as pautas tinha aquele buraquinho. Eu acho que foi uma pedra que caiu, não sei. E quando eu olhei eu pensei muito na hora”, revela Beatriz, que conta que não costuma montar fotografias, mas criou essa na mente antes mesmo do disparo do obturador da câmera.
“Essa foi a primeira foto que eu olhei e falei ‘quero fazer. ’ E eu pensei na bandeira”, conta ela. A fotografia final veio depois de cerca de 4 tentativas e da ajuda do motorista Alexandre, que parou o carro próximo da bandeira de um supermercado atacadista próximo à redação do jornal.
Apesar de ter sido postada antes, a foto teve repercussão quando ganhou uma data e legenda que casou perfeitamente com ela: 7 de setembro. Para Beatriz, a fotografia representa a violência que o país se encontra e ela se surpreendeu com o alcance que teve.
“Não tem muita surpresa, foi isso. Acho que as pessoas acham que eu estava no meio de um tiroteio. Não. Foi só um vidro quebrado. Mas a ideia eu demorei uns meses para eu conseguir fazer e ainda não ficou do jeito que eu queria.” Revela.
O que Beatriz não esperava era a ironia de que a maior surpresa ficaria evidente justamente na ideia de enxergar uma mensagem atual e potente em um simples vidro quebrado. E expõe todo o talento da fotógrafa, cuja atenção nos detalhes é natural e faz parte do processo criativo dos trabalhos fotojornalístico e documental da profissional, que costuma sair por aí andando, observando, conhecendo e conversando com pessoas no interior do Ceará.
“Foi simples, mas o resultado foi extraordinário, modéstia à parte, eu acho que muita gente se tocou. Acho que isso significa muito para muitas pessoas, principalmente quem mora em situações de risco, eu acho que isso deve dar um frio na barriga, um arrepio. Que bom que minha foto pôde passar uma mensagem, eu só não sei dizer qual é, mas ela passa uma mensagem muito forte”, completa a fotojornalista.
Por Bruna Nascimento