Chegamos à 18ª edição da Mostra Anual de Fotojornalismo da ARFOC-SP, com um olhar crítico e reflexivo sobre os acontecimentos que marcaram 2023. Através das lentes dos fotojornalistas e cinegrafistas, propomos uma jornada visual por fatos marcantes e grandes transformações, sobretudo climáticas. Ao completar 18 anos de retrospectiva, chegamos à compreensão de sua relevância e da responsabilidade do trabalho dos jornalistas de imagem, contribuindo na formação e despertar de uma nova consciência.
Foi o ano mais quente da história e cheio de contradições; enchentes no sul, seca no norte, desastres naturais e aquecimento global. A resposta da natureza segue a mesma violência de sua devastação: uma floresta vulnerável, povos originários em risco e a Amazônia ameaçada. A luta no combate ao desmatamento e garimpos ilegais se torna ainda maior, quando tentamos conciliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico.
Mas a temperatura também subiu no campo da política. No Brasil a troca de governo e ataques à democracia eclodiram em um misto de esperança e horror, como as cenas da guerra em Gaza que também impactaram o mundo. Algumas imagens que compõem a Mostra nos fazem encarar a fragilidade da vida, outras a sua força e beleza, mas todas convidam a pensar sobre nossas escolhas e provocam nossos sentidos.
As perdas irreparáveis do Rei Pelé, do mago do teatro Zé Celso, e da eterna ovelha negra Rita Lee, entre tantos outros, deixaram um vazio e ao mesmo tempo nos preencheram com um legado inestimável. É vida que segue com o horizonte em constante mutação, cercado de possibilidades e incertezas.
Com esta edição, queremos reafirmar nosso compromisso no fortalecimento do jornalismo e de uma compreensão mais profunda da história do país. Em um mundo cada vez mais complexo, a informação se torna mais importante do que nunca. Precisamos de fontes confiáveis não só para combater as fake news, mas para entender o universo ao nosso redor, o nosso destino, os desafios que nos aguardam e as oportunidades que podemos criar.
Jornalista e fotógrafo com mais de 20 anos de experiência nos principais veículos de comunicação do País. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, atuou em diversas áreas de cobertura, como economia, política, geopolítica e assuntos internacionais. Na última década realizou coberturas em áreas de conflito como Síria, Iraque, Gaza, Afeganistão, República Democrática do Congo, Egito, Líbano, Venezuela e Tunísia. Foi escolhido o profissional do ano ARFOC-SP pelo destaque na coberturas da guerra na Ucrânia, e pela série de reportagens que denunciaram a história dos trabalhadores do Nepal, que morreram durante a construção dos estádios da Copa do Mundo do Qatar.
Adriana Spaca · Adriano Machado · Alan Morici · Ale Frata · Allison Sales · Amanda Perobelli · André Penner · André Ribeiro · Bete Marques · Bob Paulino · Bruno Kelly · Carla Carniel Claudia Martini · Danilo Verpa · Edmar Barros · Eduardo Anizelli · Eduardo Knapp · Ettore Chiereguini · Fabio Tito · Felipe Beltrame · Fernando Marron · Fernando Roberto · Gabriela Biló Ian Maenfeld · Isaac Fontana · Jardiel Carvalho · João Machado · Joca Duarte · Joel Silva · Karime Xavier · Lalo de Almeida · Lela Beltrão · Levi Bianco · Maíra Erlich · Marcello Fim Marcelo Machado de Melo · Marco Galvão · Mathilde Missioneiro · Michael Dantas · Miguel Schincariol · Nair Benedicto · Nario Barbosa · Raphael Alves · Renato Soares · Ricardo Bufolin · Ricardo Moreira · Roberto Gardinalli · Suamy Beydoun · Tati Silvestroni · Tiago Bonilha · Tiago Queiroz · Ueslei Marcelino · Werther Santana · William Volcov · Yan Boechat
A 18ª Mostra de Fotojornalismo ARFOC-SP homenageia nossa mestra Nair Benedicto. Paulistana, nascida em 1940, passou sua infância no bairro da Liberdade, criada junto à vizinhança com famílias de italianos, negros e japoneses. Com três filhos, Nair ingressou na universidade em 1967, participou do movimento estudantil quando foi presa em 1969, durante a ditadura militar. Torturada e presa durante 9 meses, conviveu no Presídio Tiradentes com a ex-presidenta Dilma, entre outros professores da USP. Inspirada nas agências Magnum e Gamma, Nair e outros fotógrafos fundaram a Agência F-4 onde realizavam as pautas que imaginassem, com olhar próprio, sem chefes para tolher seus propósitos. Investiam em suas próprias reportagens como desmatamento da Amazônia e situação dos menores na FEBEM. De forma independente, todo o arquivo de negativos lhes pertencia. Nair retratou as lutas pela ocupação da terra, documentou o fim da ditadura durante as greves do ABC. Tem vasto trabalho sobre festas populares brasileiras como carnaval e maracatu. Retratou indígenas e mulheres, sempre com abordagens sociais. O MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque) adquiriu suas fotografias do ensaio sobre o forró do Mário Zan, no Jabaquara, zona sul de São Paulo. Em 1978, num clic emblemático de Nair, um homem beija com muita atração o pescoço de uma mulher. E agora temos a honra desta imagem inaugurar nossa galeria em 01 de março de 2024. Orgulho para nossa nova sede.
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