Um panorama do que de importante aconteceu no Brasil e no Mundo. Assuntos diversos, registrados por olhares sensíveis e sempre atentos de 62 repórteres fotográficos de todas as localidades do Estado. Ao todo são 82 painéis que compõem a exposição “FotoContexto 2008 – 4ª Mostra Anual de Fotojornalismo”, e registram um pouco da história do ano que passou. A Mostra é organizada pela Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo – ARFOC-SP e está em seu quarto ano consecutivo. A abertura acontece no dia 2 de fevereiro e a exposição segue até o dia 20 de fevereiro, no Espaço Cultural Conjunto Nacional.
Nesse mosaico de imagens há fotografias da China olímpica, da emoção dos Jogos ao cotidiano desse país secular. O drama das enchentes em Santa Catarina registrado pelas lentes de fotojornalistas que arriscaram a vida para mostrar o sofrimento de pessoas que quase tudo perderam.
Há também o retrato político no ano em que elegemos os prefeitos das cidades. Cem horas de agonia e o triste desfecho com a morte de Eloá, a jovem que foi mantida refém pelo namorado, que mobilizou a atenção de todo o País. O Caso Isabella, em que o pai e a madrasta são acusados de terem matado a menina e que também foi motivo de comoção e indignação nacional.
Entre as imagens de esporte, política, retratos de personalidades, protestos, flagrantes, há também cenas poéticas, outras inusitadas que ficam escondidas aos olhos dos desatentos, mas não passam aos dos repórteres fotográficos. Tudo isso junto compõem a exposição FotoContexto 2008, afinal, “os grandes momentos do jornalismo – para não dizer da História – ficam guardados numa foto”, segundo José Hamilton Ribeiro, jornalista com mais 50 anos de profissão e que assina o texto de abertura da exposição.
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Flávio Florido · JF Diorio · Paulo Whitaker
Os grandes momentos do jornalismo – para não dizer da História – ficam guardados numa foto. Quem, pensando na 2ª Guerra, não se lembra dos quatro soldados erguendo o mastro da bandeira americana numa colina, no Japão? E é possível conversar sobre o Vietnã sem se lembrar da menina nua correndo, ferida, ou do bonzo se imolando na rua? E vale pensar em futebol sem ver a cara sorrindo de Pelé.
Em meu mais de meio século (?!) de reportagem, posso dizer que boa parte do que fiz dependeu – no resultado final, mas, também, na emulação e estamina necessárias numa cobertura – do foto-repórter. O fotógrafo japonês Keisaburo Shimamoto – o Shima, como a gente dizia – esteve comigo no Vietnã. E a repercussão que nossa reportagem teve deveu-se à imagem inesquecível que ele fez de mim, logo após o acidente que quase me levou. Com o passar dos anos a gente observa que muito mais pessoas se lembram mais da foto, do que do fato.
De certa forma, Shimamoto julgava-se responsável pelo meu ferimento. Ele que me pedira para ficar um dia mais no front, para “completar” seu portfólio da guerra. E nesse dia a mais…
Shima não saiu do meu lado, no hospital. Ou melhor, saiu sim – para beber (e chorar). Saia, bebia, chorava e voltava – sempre discreto, delicado, carinhoso. Mesmo de cara cheia (e olho vermelho), não era de bazófia ou falar alto.
Shima deu-me, naqueles primeiros e terríveis dias de hospital, algo que me valeu, me pôs pra cima e me salvou, a sua força moral. O Vietnã passou, continuei minha lida de repórter e, um feio dia, chega a notícia: Kei Shimamoto era um dos jornalistas no helicóptero de um general sul-vietnamita que fora atingido e explodiu no ar.(…)
Uns meses atrás, estando em Belém (do Pará), um colega jornalista vem me mostrar o livro “Réquiem”, sobre jornalistas que morreram na Guerra do Vietnã. Lá estava a história de meu querido companheiro de reportagem. Lembrei-me então de que, ao saber de sua morte, e recordando o que ele fizera para me animar no hospital, escrevi um artigo: “Agora é a minha vez de chorar…”
O que restou de Shimamoto – parte de seu colete cheio de bolsos, um óculos escuros, pedaços amarelos de caixa de filme – foi encontrado só no ano passado. Demorou mais de 30 anos, mas agora sua família tem o que colocar num túmulo.
(Lembrando de Keisaburo Shimamoto, gostaria de homenagear os foto-jornalistas, esses que dão perenidade ao que a gente faz…junto!)
José Hamilton Ribeiro, jornalista
REALIZAÇÃO
ARFOC-SP
Associação de Repórteres Fotográficos e
Cinematográficos no Estado de São Paulo
ABERTURA
Espaço Cultural do Conjunto Nacional
02 de fevereiro de 2009 às 19h
VISITAÇÃO
até 20/02/2009
PRODUÇÃO
Mônica Bento · Nilton Fukuda · Paulo Whitaker
Entrada Gratuita
Endereço:
Rua Rego Freitas, 530, Sobreloja
Vila Buarque, São Paulo – SP, CEP 01220-010
Telefone e WhatsApp: (11) 96195-5840
E-mail: contato@arfocsp.org.br