A exposição FotoRetrospectiva 2015, que chega em sua 11ª edição e tem a Canon como patrocinadora do evento pelo quarto ano consecutivo, traz 80 fotografias pelo olhar de 59 repórteres fotográficos ligados à Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo – ARFOC-SP. A lama do maior acidente ambiental; a despedida da modelo; o protesto dos professores no início do ano e o dos alunos no final de 2015; o fiasco da seleção na Copa América, as emoções dos jogos Pan-Americanos; o futebol pós-Copa, enfim, os principais acontecimentos de 2015 no Brasil e pelo Mundo foram flagrados e registrados pelos fotojornalistas do Estado de São Paulo.

Em cada uma das imagens um relato, um drama, uma poesia que aconteceu em 2015. Ano que teimou em terminar cheio de reviravoltas. E por trás de cada uma das imagens, o esforço, a persistência, o olhar e, por que não, a teimosia de cada um dos repórteres fotográficos para conseguir registrar cenas que contam um pouco de nossa história recente.

O fotojornalista sempre está na linha da frente, na manifestação inala o gás lançado para dispersar manifestantes. Enfia o pé na lama para mostrar a tristeza de um acidente sem precedentes. E o desafio renova-se diariamente. Gay Talese – um dos expoentes do new jornalism – escreveu certa vez “o jornalismo é o ópio dos inquietos”, certamente incluía aí o trabalho dos profissionais da imagem.

A rua e seus acontecimentos são o vício dos fotojornalistas, mas o que poucos sabem é que um tanto de nós se perde, ou fica retido, entre uma pauta e outra. Entre um “personagem” que nos deixa uma lição de vida e uma jogada sensacional do craque, que nunca mais será repetida, e a cobertura hard News de uma manifestação que nos impede de dormir logo que chegamos em casa.

O fotojornalismo é um passaporte para viver outros mundos, outras vidas. Conhecer gente e lugares que não teríamos noção que existem se não fôssemos repórteres fotográficos. E nos ensina também a respeitar e registrar a todos com dignidade, sempre.

Luiz Carlos Murauskas, um dos curadores da mostra e fotojornalista há mais de 40 anos, diz que “a boa fotografia é aquela que informa e tem conteúdo, em detrimento às imagens meramente ilustrativas baseadas apenas na plasticidade”. E essa é a tônica da exposição, dar um panorama do que foi o ano de 2015 baseadas em imagens jornalísticas com informação.

Já Luludi Melo, fotojornalista que passou pelas principais redações do País e sócia da agência Luz, acredita que “é do jornalismo que se extrai as melhores imagens na fotografia” e destaca a importância do projeto na construção de um acervo brasileiro de fotojornalismo.

Ao todo foram submetidas 565 fotos para o processo de seleção por 130 profissionais. Além de Murauskas e Luludi participou da curadoria o repórter fotográfico Nilton Fukuda que tem no currículo quase 20 anos de estrada. Na mostra também está presente uma das últimas imagens produzida pelo fotojornalista Marcelo Min, que aos 47 anos de idade, nos deixou precocemente em agosto do ano passado.